sexta-feira, 5 de junho de 2020

Beleza Oculta

"Não esqueça de perceber a beleza oculta." 
Eu assisti hoje um filme chamado "Beleza Oculta". Foi uma sugestão de alguém em algum dos grupos de apoio que eu entrei. E eu já havia visto esse filme. Mas resolvi assistir de novo, afinal ele fala sobre luto. É engraçado como os filmes e os seriados se apresentam de formas diferentes para nós dependendo da fase da nossa vida. As interpretações mudam. Na época em que eu assisti a este filme, eu chorei muito porque eu sou uma chorona nata. Mas dessa vez, eu não chorei pela tristeza do luto, mas porque EU VI, a tal BELEZA OCULTA.

Quando nós estamos em um processo de cura, fica difícil ver beleza ou luz ou aprendizados. Eu devo TUDO que estou compreendendo à grande equipe espiritual amiga que me acompanha. Cada passo que eu dei, desde achar o médico e o hospital certo, até os filmes que tenho visto e os livros que vou ler, eu devo a espiritualidade. Ver a beleza depende do quanto você está disposto a abrir mão da lágrima de tristeza e sentir a lágrima de alegria. Agora vamos ao ponto: onde eu vi beleza no que aconteceu comigo?

Eu vi que decidir ser mãe foi o que me modificou. Foi após a decisão de parar com o anticoncepcional, o corpo respondendo a ausência do hormônio sintético, a procura pela yoga, o interesse pelo Reiki, a busca pelo meu verdadeiro EU, quem sou, começou aí. Eu vi a beleza incrível que essa criança que era só um projeto, e virou um embrião, trouxe pra minha vida. Eu sofro ainda com a perda, é um processo natural e que não é linear logicamente, mas compreendo! Eu me fortaleci. Perder o bebê me fez ganhar. Ganhar fé. Ganhar apoio, uma rede de apoio com mensagens lindas de pessoas que eu nem sabia que se importavam comigo. Perder me fez sentir o amor mais intenso do mundo. No filme tem uma frase muito interessante que diz "quando você tem um filho, você não sente amor, você se torna amor". Eu não tive meu filho nos braços, mas senti no meu corpo. Senti o AMOR.

Espero, mães que tiveram suas perdas, que vocês encontrem a Beleza Oculta. Espero que você que está na busca espiritual ou passando por qualquer processo difícil na vida, encontre também. E sinta meu abraço, independente do que esteja passando. ❤️

Com muito carinho, 

Daya 💛

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Agora eu sou mãe de um anjo



No dia 07 de maio de 2020, a quinta - feira que precedia o dia das mães, eu descobri que estava grávida. Vou mudar um pouco o verbo: descobri que estive grávida. Descobri que a ressonância magnética que eu fiz em abril simplesmente não viu o embrião, a vesícula vitelina e o saco gestacional. Foi num hospital, com uma ultrassom feita por uma médica doce e cheia de empatia, que eu recebi a notícia de que engravidei e o embrião parou de se desenvolver na 5ª semana de gestação. Um grãozinho de arroz. Sem batimentos, sem vida. Fui acolhida, compreendida naquela sala de exames. E fui acometida por um sentimento de amor que só não era maior que o sentimento de perda que se seguiu. Você pode ter lido até aqui e estar pensando o seguinte: "Como é que você sentiu dor se nem sabia que estava grávida, descobriu quando já não mais estava?". Eu vou te explicar: eu queria muito ser mãe. Os eventos que aconteceram antes de eu saber da perda foram desconexos e confusos, e eu sentia no íntimo que estava grávida. Tive os sintomas, mas como minha menstruação desregulou com a parada do anticoncepcional e eu fiz testes em março que deram negativos, eu tentei tirar da mente. A verdade é que engravidei sem menstruar. Os sintomas foram claros, mas como eu disse no início, eu fiz uma ressonância magnética em abril que não me disse que eu estava grávida, pelo contrário, me disse que eu tinha um nódulo. Pensei que todos aqueles sintomas eram, por alguma razão, do tal do nódulo. Eu senti as contrações e tive as perdas de sangue quando o bebê parou de desenvolver. Dores horríveis, não desejo a ninguém sentir aquilo. Ignorei minha intuição totalmente. Tive sonhos, sinais, mas como queria muito uma gravidez, pensei que realmente estava doida.
Foi graças a um médico maravilhoso que finalmente chegaram a um diagnóstico. Foi erro da empresa de ressonância? Foi erro do médico anterior? Nunca vou saber. Nem quero. Mas sei que os dias que se sucederam a essa notícia foram os piores que já tive. Eu tive o que chamam de aborto retido, quando o embrião pára seu desenvolvimento mas a expulsão não acontece espontaneamente. 
Passei o dia das mães com meu bebê sem vida dentro de mim. Com os hormônios desregulados, meus seios explodindo e doendo, a barriga inchada, e sem gravidez. Foi o pior dia das mães da minha vida. Ganhei presentes da minha mãe e do meu esposo, pois não importa o que os outros pensem, eu sou mãe. Mãe de um anjo, de um espírito iluminado que me protege agora. Um pedacinho meu. No domingo seguinte ao dia das mães eu tive que ir á emergência obstétrica do hospital, pois como o meu médico não sabia em que momento eu havia engravidado por ter uma menstruação desregulada, seria arriscado para mim esperar em casa a expulsão. Passamos, eu e meu marido, o dia todo no hospital. Fui tratada com respeito e dignidade. Mesmo em um quarto isolado lá dentro da maternidade, eu podia ouvir o primeiro chorinho dos bebês que nasciam, as vozes dos pais ansiosos para entrar na sala de parto. Doía. Ah, meu Deus, como doía. No final do dia, após tentarem dilatar meu colo do útero para conseguir realizar o procedimento, fui levada á sala de cirurgia. Eu não fiz a curetagem, eu fiz o que chamam AMIU (Aspiração manual intrauterina), que é menos agressivo que a curetagem para o útero. O anestesista foi de um respeito e acolhimento imenso comigo, assim como toda a equipe, tive uma médica sem igual me assistindo durante todo aquele dia. Não vi nada do procedimento, dormi um sono que achei que merecia com a anestesia. Lembro de olhar para um quadro a minha frente logo que acordei da anestesia, onde dizia: nome da mãe/nome da criança/ procedimento. E lembro de pensar: Eu vou voltar aqui, nesta sala. E nesse quadro, vai estar escrito o meu nome e o nome do meu filho (a). Esse pensamento me causou um arrepio e me senti em paz. Me deixaram na recuperação junto com os outros procedimentos cirúrgicos, em um andar diferente, para que eu não tivesse que ver mães e seus bebês. Sou grata por cada segundo do atendimento que tive naquele hospital. Depois de ser liberada, senti um vazio. Estranho, inexplicável. Vazio. 
Durante todo o processo, eu entendi e aceitei o que aconteceu, acho que estou sofrendo as fases do luto ao contrário, pois agora estou tomada por uma tristeza absurda. Estou tentando acolher meus sentimentos, sejam eles bons ou ruins. Acho que o luto precisa ser vivido. Eu desejei esse bebê. Me dói quando alguém me diz: "Pelo menos foi no início né?" Como se isso me fizesse menos mãe. E não, não quero pensar nos clichês de "logo vem outro", "logo tu supera", "isso acontece. Sei que as pessoas não falam isso por maldade, querem ajudar, mas pioram. Porque dói. Minha dica se você conhece alguém que teve uma perda gestacional é que não use essas frases. Ofereça um abraço, isso já está ótimo. Antes de dizer qualquer coisa, calce os sapatos da pessoa e trilhe o caminho que ela fez, só então diga algo. É bem provável que se você fizer isso não consiga dizer nada.
Ainda me sinto perdida, triste, como se estivesse em outro planeta. Mas posso dizer que sinto que nada mais nessa vida me abala. Perder um filho é como saber que se você sobreviver a isso, você sobrevive a qualquer coisa na vida. Como se isso fosse te dando um superpoder ao longo do tempo.
Não sei quanto tempo meu luto vai durar. Sou reikiana e nem o Reiki me tirou essa tristeza, então acredito que realmente é para sentir essa dor e acolher a mim nesse momento. 

A dor precisa ser sentida. Minha amiga, se você está lendo esse post e passando por isso, viva essa dor. Ela é sua e precisa ser vivida para poder ser superada. Você nunca vai esquecer seu bebê. Nós apenas vamos chegar em um momento onde a dor vai dar lugar apenas ao amor a nosso pequeno anjo. 
Outra dica que dou: desligue-se das redes sociais por um tempo. Postagens anunciando gravidez, de partos, de mães, bebês, vão te fazer entrar em uma vibração de revolta e uma dor ainda maior que você não precisa agora. Se retire para o bem da sua saúde mental. Quando se sentir melhor, volte aos poucos, filtrando o que presta atenção. Está me ajudando. 
Desejo que todas nós, mães de anjo, possamos voltar a sorrir de verdade algum dia e aguardar uma nova gestação. Acredito que tudo na vida acontece por um motivo, mas nesse momento, só quero pensar em enfrentar isso. Não quero entender por quês. Não tentem também. 

Um abraço fraterno e um beijo em cada mãe de anjo que ler aqui. E se você conhece alguma, por favor, tenha empatia. Nós precisamos muito. 

Namastê. 



Videos que podem te ajudar a entender seus sentimentos:



quinta-feira, 16 de abril de 2020

Sobre comparações


Até pouco tempo atrás, quando eu acordava em um dia ruim, e não conseguia produzir muito aqui dentro de casa, eu abria o Instagram e lá estava: o reality show das vidas perfeitas e organizadas. E com a hashtag #vidareal.
Sabe, eu sou uma dona de casa hoje. Eu estudo, leio, assisto meus filmes preto e branco e minhas séries de TV. Eu faço yoga, eu limpo a casa, medito. Mas a verdade é não são todos os dias que eu faço tudo o que me propus a fazer. A verdade é que tem dias que eu não tenho ânimo de pegar meu tapete de yoga e tá tudo bem. Às vezes eu não estou a fim de estudar e também tá tudo bem. Eu fico em casa sim. Mas não preciso ser castigada por isso. Eu faço o que é possível naquele dia. E se o possível em algum dia é meu corpo pedir pra me aquietar com um chá, uma coberta e uma bolsa de água quente no sofá, eu faço isso. O ritmo frenético não abandonou as pessoas na quarentena. Ao contrário, parece que o Instagram está em um looping de produção constante, como se fossem hamsters dentro da gaiola!
Estou vivendo uma fase bem difícil com a minha saúde, e tem dias que algumas pessoas eu acabo evitando olhar stories ou postagens. Porque é surreal o sentimento de frustração que causa. (Leia novamente, eu disse frustração, eu não disse inveja). Uma vida que nós só vemos nos comerciais de margarina (e na vida da Thaís Fersoza, que ela nunca leia isso mas a vida dela foge do surrealismo). O meu ponto com esse texto, é um lembrete a mim de jamais me comparar com a vida padrão perfeita de internet. Cada um vive a própria realidade que é sim linda da forma que é. Que nem sempre o que é postado condiz com a realidade. A exposição muitas vezes é um desejo implícito de atenção que não se tem na vida real. Amar a si mesmo é uma tarefa árdua e um caminho longo a ser percorrido. Aprendi na dor a não fazer comparações. É algo que estou realmente todos os dias repetindo mentalmente para não fazer.
A exposição excessiva do dia a dia mostra muitas vezes o lado oposto do que se quer mostrar. E é isso que não vemos ao nos comparar. 🦋

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Desejo a você


O que eu desejo a você...
Desejo uma cama e cobertores quentes que te aqueçam nas noites desse outono..
Desejo um prato de comida quente e farto, e que você saiba seu limite e evitar o desperdício...
Desejo um teto sobre sua cabeça, firme e seguro, que você possa chamar de lar.
Desejo que você tenha uma família a quem amar e que ame você igualmente, independente da sua personalidade ou qualquer outra coisa, que simplesmente ame você.
Desejo que você saiba que assim como todo carnaval tem seu fim, toda tempestade também. Nenhuma situação ruim dura para sempre, assim como as boas também não, então eu desejo que você saiba tirar o melhor de qualquer situação que a vida coloque á sua frente.
Desejo um sono tranquilo e sem pesadelos, reparador.
Desejo que você lembre sempre de agradecer por tudo o que possui, tanto as coisas materiais quanto as pessoas que você tem na sua vida...e que você lembre de ser grato pelas inalações e expirações, que fazem com que você permaneça vivo...
Desejo paz de espírito, resiliência e fé.
Desejo saúde...um sistema imune forte e lutador, e uma mente sadia.
Desejo também que você nunca deixe de cuidar do seu espírito, da sua alma...nosso corpo é nosso veículo para estarmos aqui, mas quem o dirige somos nós, espíritos, e o motorista deve ser cuidado assim como o veículo, não concorda?
Desejo que você saiba que o amor existe em facetas diversas, e que você o tenha, de algum modo na vida. Seja da forma que for.
Desejo que você jamais desista do que quer, e se não sabe o que quer, que nunca perca a fé de descobrir. Lembre-se que tudo vem no momento certo, mas não é por isso que vamos deixar de lado a esperança, né?
Desejo que você queira menos coisas materiais e mais coisas que você não pode palpar, mas pode sentir.
Desejo que você aprecie a beleza do vento. Eu mesma aprendi apenas à poucos dias...
Desejo que vocÊ aprecie também a beleza e o poder da chuva, tão necessária...
Desejo que quando você cansar, que saiba a hora de descansar. Que não se culpe por parar e que não seja do tipo "eu descanso carregando tijolos".
O descanso é tão necessário quanto o trabalho...acredite nisso. Não duvide.
O equilíbrio é necessário em todas as áreas da nossa existência, temos dois hemisférios cerebrais para nos lembrar disto.
Não tente ser super herói ou super heroína....tente ser apenas você. Humano.
Desejo que você abrace seus defeitos...e defenda suas qualidades sem tornar-se arrogante.
Desejo que você reconheça sua inteligência sem diminuir a do próximo, e que compartilhe o seu conhecimento com o maior número de pessoas que conseguir. Dividir é o mesmo que multiplicar quando falamos em compartilhar o que se sabe.
Desejo que você tenha felicidade...que saiba que ela não é linear e nem eterna, que é feita de momentos que devem ser percebidos e aproveitados.
Desejo que você ame cada célula sua...você é seu primeiro amor na vida, nunca esqueça isso.
Desejo que você saiba respeitar para ser respeitado...
Desejo que você não deixe a dor dominar você. Que não seja vítima do seu destino ou das circustâncias da vida...que saiba que tudo que vem é para ensinar, por mais difícil e impossível de entender que nos pareça.

Meu desejo é que todos nós possamos sair da atual situação mais fortes, mais unidos e mais sábios...e que nossa fé seja maior que qualquer desespero.
O nosso amado Chico Xavier dizia que tudo passa, então cabe a nós apenas esperar passar.

Namastê ♥

sexta-feira, 18 de junho de 2010

das lágrimas da vovó.


Ontem quando eu estava no trem, vindo pra casa, entrou uma senhora no mesmo vagão que eu. Eu tenho um hábito estranho de ficar estudando as pessoas nos meios de transporte. Ela sentou em um banco de frente para mim, e eu notei que os olhos dela estavam vermelhos. Ela tinha um rostinho tão carente, aqueles rostinhos que as vovós fazem pra gente quando algo está errado. Aquele rostinho pedia colo, pedia um carinho. E então eu me distraí, e quando olhei novamente para ela, ela estava chorando. As lágrimas desciam pelo rosto dela de uma maneira que, percebi eu, ela não estava podendo controlar. De uma maneira que eu não sei explicar, os meus olhos também se encheram de lágrimas, e eu tive um ímpeto de ir dar um beijo nela e dizer que ia ficar tudo bem. Faltava uma estação para eu descer, e a vontade de falar com ela era muito forte, eu já estava quase começando a chorar, fiquei sensibilizada mesmo com aquela estranha com carinha de vovó carente chorando na minha frente. Mas eu não abracei ela. Eu saí do trem e as lágrimas escorriam pela minha face, porque eu fui covarde o suficiente para não ir falar com ela. Talvez ela só estivesse mesmo precisando que alguém se importasse. Talvez tivesse perdido alguém querido e estava desolada. Cansada. Me senti culpada. Culpada por não ter tentado diminuir a dor e as lágrimas dela. Culpada por ter descido do trem sem nem fazer com que ela me olhasse e percebesse que eu me importava. Eu não falei com ela por medo. Não dela, claro, mas das outras pessoas que estavam no vagão. Medo do que iam pensar de mim. Do que iam falar de mim quando eu, de repente, beijasse uma estranha e conversasse com ela. Foi bem triste constatar isso. Mas foi importante. Depois de um tempo, a gente descobre que é preciso que as situações aconteçam, para que a gente se dê conta de que está errado e precisa aprender a fazer certo. E eu aprendi. Ontem, eu percebi que eu vou me ferrar muito se continuar me preocupando com a opinião dos outros. Ainda sinto remorso por não ter dado um abraço na vovó. Por não ter dito a ela, que tudo sempre fica bem. Por não ter oferecido o meu ombro, mesmo que os outros achassem ridículo, pelo fato de eu nunca a ter visto na vida. Na verdade, ás vezes o carinho de um estranho vale mais do que alguém que conhecemos. No mês de dezembro eu chorava desolada no trem e ninguém veio me abraçar. Nem dizer que ia ficar tudo bem. Era véspera de Natal e tinham aprontado comigo. Mas ninguém ligou. E por isso, eu fiquei triste pela vovó. Porque me vi no lugar dela. Porque senti a dor dela. Porque vi nos olhos dela o quanto estava doendo. Fiquei pensando nela o resto do dia, e até agora, torço para que ela esteja melhor. E se algum dia, por ventura, eu a ver novamente, vou lhe dar o abraço e vou dizer: tem alguém aqui que se importa.

Beleza Oculta

"Não esqueça de perceber a beleza oculta."  Eu assisti hoje um filme chamado "Beleza Oculta". Foi uma sugestão de alg...